quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pobre Poeta (Augusto Simões)

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Pobre de um poeta que não tem capital
Pois se vivesse de poemas, certamente morreria
Pobre de um poeta que não tem capital
Pois as musas não são baratas e, sem elas, como faria?
Pobre de um poeta sem inspiração
Pois se sem capital é difícil, sem idéias como sê-lo?
Pobre do poeta sem aspiração
Pois tuberculose já não é mais moda, é só aperreio
Pobre do poeta sem mágoas
Pois que lembranças haveria este de contar?
Pobre do poeta sem lágrimas
Pois, sem sofrimento, o que iria lamentar?
Pobre do poeta sem rimas
Pois sem soar, não haveria de ser citado
Pobre do poeta sem linhas
Pois, ops! Ora! Sem estas ainda está a salvo
Pobre do poetas sem crenças
Esse sim, vive desesperado
Pobre do poeta sem veia
Pois, como seria tão ajustado?
Pobre de mim, poeta disfarçado
Pobre, sem musas, inspiração ou idéias
Pobre de mim, poeta descarado
Sem aspirações, magoas ou lamentações
Pobre de mim, poeta saudável
Sem lágrimas, rimas ou prosopopéias
Pobre de mim, poeta inflamado
Sem vergonha de ser poeta sem condições

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